A eficiência dos painéis solares para produção de energia vai aumentar substancialmente nos próximos tempos, depois de um grupo de cientistas da Universidade de Manchester, no Reino Unido, ter descoberto uma falha fundamental que impede um maior aproveitamento desses equipamentos, um problema cuja solução esteve a ser pesquisada nos últimos 40 anos.

A insuficiência no material, identificada como Degradação Induzida pela Luz (LID, em inglês), e que faz com que as células solares atinjam apenas 20 por cento da sua eficiência, reside no facto de a transformação dos raios solares em energia ser afectada por uma “armadilha” que inibe o fluxo de portadores de carga gerados por foto (electrões).

Combinando uma técnica eléctrica e óptica especializada, conhecida como “Espectroscopia de Transientes de Nível Profundo (DLTS, na sua sigla em inglês), os cientistas descobriram a existência do defeito do material, localizado no silício que serve para fabricar as células dos painéis solares.

De acordo com o professor Tony Peaker, que coordenou a pesquisa da Universidade de Manchester, inicialmente publicada no Journal of Applied Physics, a degradação da eficiência dos painéis solares tem sido tema de grande interesse científico e da engenharia especializada nas últimas quatro décadas, devido ao impacto ambiental e económico das energias renováveis a nível mundial.

“Durante as primeiras horas de operação, após a instalação, a eficiência de um painel solar cai de 20 para cerca de 18 por cento. 2 por cento podem não parecer grande coisa mas quando se considera que esses painéis são responsáveis pela entrega de uma parte importante das necessidades totais de energia a nível mundial, constata-se que é uma perda significativa”, pontuou aquele cientista.

Quando se associa esse défice a toda a capacidade de produção de energia solar instalada a nível planetário, refere Tony Peaker, “está-se a falar de 10 gigawatts, o que equivale a mais energia do que a produzida pelo total combinado de 15 centrais nucleares do Reino Unido.

Referindo-se à identificação do problema da eficiência das células dos painéis solares, outro cientista britânico envolvido nas pesquisas, Ian Crowe, conclui que o defeito “fica provado, restando agora proceder às correcções, um trabalho da competência da engenharia” do sector.