Cabo Verde foi escolhido para, em 2020, acolher o primeiro teste, a nível mundial, do protótipo de produção de água dessalinizada e de energia a partir da mecânica das ondas do mar denominado Wave²O, desenvolvido pela start-up norte-americana Resolute Marine Energy (RME), com o apoio do prestigiado Massachssets Intitute of Technology (MIT) e do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE).
Segundo informações avançados pelo coordenador dos estudos preliminares da iniciativa em Cabo Verde, Óscar Melício, este é o culminar de um longo processo, iniciado em 2013, altura em que a RME começou a trabalhar com Cabo Verde em parceria com a ELECTRA, o INDP, o Governo e outras entidades, e no âmbito do qual irá, agora, ser instalado o primeiro projecto-piloto do Wave²O.
“O sistema de dessalinização da RME pode aproveitar os abundantes recursos de energia das ondas, característica de Cabo Verde, para produzir água potável para o abastecimento das comunidades costeiras. Esse abastecimento de água pode ser conseguido com recurso ao referido sistema modular, que pode ser configurado em poucos dias e facilmente expandido para atender a necessidades mais substanciais. Como o sistema é alimentado principalmente com água do mar pressurizada, o equipamento pode operar completamente fora da rede eléctrica e não apresenta riscos para o meio ambiente”, explicou aquele responsável.
Segundo adiantou ainda, “a instalação está prevista para um ponto entre Praia Grande e a Baía das Gatas, em São Vicente, e o equipamento (um protótipo) terá capacidade de produção de cerca de 500 m3 de agua dessalinizada por dia, sendo que o processo também incluirá todas as outras iniciativas necessárias à preparação da introdução do equipamento no mercado à escala comercial”, avançou Óscar Melício.
A primeira etapa – fase de estudos preliminares – foi financiada pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), e nesse quadro estão agora a iniciar-se os Estudos de Impacto Ambiental e Social, a avaliação da energia das ondas, o processo de batimetria e a caracterização geofísica dos fundos do mar naquela zona costeira. A formação de pessoal do INDP, a avaliação da qualidade da água do mar e a adaptação do protótipo original concebido às condições locais encontradas, são acções actualmente em curso, segundo a mesma fonte.
“Tudo está a correr bem tecnicamente, o entendimento com as autoridades cabo-verdianas tem sido excelente, e brevemente contamos entrar no processo de instalação e produção”, adiantou Óscar Melício, para quem o Wave²O tem, ao que tudo indica, “todas as condições para funcionar bem em Cabo Verde”.
O mesmo perspectivou que a terceira etapa de desenvolvimento do Wave²O, ou seja, a fase comercial, consistirá na produção industrial do equipamento, em módulos maiores com capacidade para a produção de cerca de 4.000 m3 de água por dia.
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